Violência obstétrica: saiba se você já foi vítima e como proceder

Pesquisa publicada pela Fundação Perseu Abramo mostra que uma a cada quatro mulheres sofrem com uma das mais violentas formas de violência as quais mulheres são submetidas durante a vida, a violência obstétrica.

Cortes desnecessários, uso excessivo da força, abandono. Essas são só algumas das reclamações feitas por mulheres durante o trabalho de parto. D.S tinha 23 anos em 2010 quando teve o seu primeiro filho, em Cachoeira. Ela chegou ao hospital por volta de 1h da madrugada com contrações e ficou internada até as 18h, a criança passou da hora de nascer e no momento do parto foi feita uma epistomia, sem a sua permissão, o corte chegou até a região do ânus.

Epistomia é um corte na área entre a vagina e o ânus chamada de períneo, feito para aumentar o canal vaginal e facilitar a passagem do bebê. A pesquisa “Nascer no Brasil”, feita com mais de 23 mil mulheres pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com o Ministério da Saúde, revelaram que cerca de 56% das mulheres que tiveram parto normal passaram pelo procedimento, sendo que só é indicado em casos específicos, como parto pélvico (quando o bebê está sentado), macrossomia (excesso de peso do bebê), rigidez do períneo, ou em partos prematuros, mas de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), estes casos representam apenas 10% dos partos normais.

Foto: Reprodução

Em um hospital de Salvador, a técnica em enfermagem E.S hoje com 28 anos, passou por momentos de tensão e constrangimento enquanto esperava para dar a luz a sua primeira filha. Após a troca de equipes do hospital ela passou a ser coagida por uma enfermeira que diante dos seus gritos de dor se negava a fazer a limpeza dela e da maca onde ela estava. “Eu estava toda suja de cocô e ela dizia que se eu não parasse de gritar que não ia me limpar. Eu fui para sala de parto ter a minha filha toda suja.” E. conta que só passou a ser bem tratada pela profissional depois que temendo pela vida da filha, lhe pediu desculpas e disse também era profissional de saúde. Ela também conta que ficou sozinha durante todo o pré-parto, trabalho de parto e horas após a criança nascer, é garantido por lei que toda a parturiente tem direito a um acompanhante, mas a entrada da mãe de E. foi impedida pelo hospital.

Mulheres que tenham sido vítimas das situações citadas ou outras pelas quais tenham se sentido coagidas no momento pré ou pós-parto, podem entrar com ações judiciais e fazer uma denúncia junto à ouvidoria do hospital ou da secretaria de saúde do município e ao Ministério público.

A advogada Lívia Marques orienta as vítimas a procurarem reparação do dano sofrido. “Ela deve buscar um advogado ou a defensoria pública do seu estado, portando todos os documentos que tiver, com cópias das denúncias, de laudo médico feito após o parto e que demonstre a violência sofrida e, principalmente, de cópia do prontuário de atendimento no hospital em que deve constar que a mulher estava acompanhada na hora do parto. Se não houver nenhuma anotação neste sentido ou se estiver anotado que a mulher está desacompanhada ou, ainda, que a acompanhante dela é uma funcionária do hospital, já fica claro que a lei foi desrespeitada”.

Fonte: Varela Noticias

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