Mutuípe completa 91 anos de emancipação política, confira os 7 fatos curiosos da história da Cidade

Como grande parte dos municípios da região do Recôncavo e Vale do Jiquiriçá, Mutuípe originou-se de uma aldeia de Índios Cariris, adquirida por volta de 1860, por Manuel João da Rocha, que passou a ser conhecida por fazenda Mutum, que posteriormente passou-se a chamar Mutuípe, pela abundância da espécie de aves Mutum no local.

A fertilidade do solo possibilitou inicialmente o desenvolvimento das culturas de fumo, café e mandioca nas proximidades do rio Jiquiriçá, assim como também a cultura da cana-de-açúcar e criação de gado para atender a demanda do Recôncavo açucareiro, aliados ao espírito acolhedor dos primeiros povoadores concorreram para o desenvolvimento inicial do arraial.

Fator decisivo para o seu desenvolvimento foi a chegada da linha férrea em 1905, através dos trilhos da Train Road de Nazaré, no seu avanço para o sudoeste baiano até Jequié. Promovendo não só o transporte de pessoas mais também o escoamento da produção cafeeira do vale e a sua integração com as outras localidades e principais centros regionais.

No dia 30 de Setembro de 1910 o Governador João Ferreira de Araújo Pinho, através da Lei Número 778 decretou a transferência da sede do Distrito de Paz do Riacho da Cruz para o povoado Mutum. Com a criação do município de Jiquiriçá, o Distrito de Mutum ficou pertencendo a este Município.

O desenvolvimento da Vila Mutum foi prejudicado por duas calamidades: A enchente do Rio Jiquiriçá em 1914 e o surto epidêmico da varíola em 1919. Após superar esses obstáculos, a Vila Mutum começou a crescer, através do desenvolvimento da lavoura e do comércio sendo elevada da categoria de Vila do povoado Mutum para a denominação Mutuípe pelo Governador Marques de Gois Calmon, na conformidade da Lei Número 1882, de 26 de julho de 1926.

O Movimento autonomista foi liderado pelo Dr. Bartolomeu Antero Chaves. E sua posse jurídica ocorreu em 12 de outubro de 1926. A partir da década de 30, com a queda do café no mercado externo, houve uma forte retração na economia do vale com a transferência de capitais e concentração de terras para a criação de gado. A proibição da exportação de “café de terreiro” e do fechamento da ferrovia na década de 60, houve uma nova queda na economia. Entretanto, com a chegada da CEPLAC, buscou-se reestabelecer o nível de desenvolvimento econômico, com ênfase para o cultivo da lavoura cacaueira.

Considerando o período áureo do cacau, que fundamentou a prosperidade das bases econômicas de Mutuípe, houve um desenvolvimento significativo no comércio, no entanto, com os vários planos de estabilidade da moeda e a queda dos preços nos últimos anos. A sustentabilidade econômica, hoje, conta com apoio do comércio, que expandiu-se e supri a carência de alguns municípios circunvizinhos.

A queda de preços nos produtos agrícolas, provocou uma imigração de pessoas para as zona urbana, com perspectivas de investimento na educação, com vistas para um futuro melhor, alguns saíram do município deslocando-se para os grandes centros urbanos (São Paulo e Salvador) influenciando na vida de outras famílias que ficavam isoladas de contatos vizinhos.

 

Confira os 7 fatos curiosos da história da Cidade

 

 

1-            FRUTO DE UMA BARGANHA:

O território que corresponde ao município de Mutuípe teria sido inicialmente conquistado através de uma barganha feita pelo Coronel Manoel João da Rocha que vindo da região de Amargosa em 1860, ofereceu aos índios Cariris, uma espingarda, vísceras de um boi e três moedas em troca das terras.

 

2-            CAÇULA DO VALE:

As cidades de Ubaíra, Amargosa, Jiquiriçá e Laje alcançaram suas emancipações politicas ainda no séc. 19, enquanto Mutuípe, mesmo com notável desenvolvimento, sofreu resistência na criação do município, e da freguesia religiosa, pertencendo por muito tempo como distrito do município de Jiquiriçá.

 

3-            ABRIGO DOS MIGRANTES:

Com a criação do município em 1926, Mutuípe se tornou destino de muitos migrantes de cidades circunvizinhas como São Miguel das Matas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Salvador, Jaguaquara…Ainda hoje percebe-se um número considerável de pessoas que não nasceram em Mutuípe e aqui residem, por este fato histórico, algumas ruas de Mutuípe receberam o nome de cidades.

 

4-            INFLUENCIA FRANCESA:

Os principais símbolos da cidade como a bandeira e o brasão, são inspirados na revolução francesa, além de serem uma homenagem ao padroeiro São Roque que era francês, e teriam sido desenvolvidos meses antes da festa da emancipação pelo frei Paulo da ordem dos capuchinhos. A bandeira de Mutuípe incialmente possuía as cores vermelho, branco e preto, mas logo em seguida tornou-se exatamente igual a bandeira da França, tendo ao meio o pássaro mutum quebrando as correntes, como símbolo de originalidade.

 

5-            O NOME DA CIDADE:

O Coronel Manoel João da Rocha ao adquirir estas terras adotou o mesmo nome atribuído pelos indígenas “Mutum”, pela abundancia do pássaro na região. Em 1910 com a instalação da vila outros nomes foram adotados como “Distrito de Paz do Riacho da Cruz”, ou “Distrito de Paz do Mutum” até que nos movimentos para a emancipação o geografo Teodoro Sampaio criou o topônimo “Mutuípe”, que significa “Rio dos Mutuns”, ou “Mutum nos ipês”.

 

6-            CASAS DA BAULAUSTRADA:

Na Praça Góes Calmon havia um conjunto de casas com características arquitetônicas que lembravam uma fortaleza. A Balaustrada, por muito tempo foi símbolo de nobreza, ali residiram prefeitos, personalidades como D. Emília Gomes, assim como a Casa Paroquial, atualmente uma única casa mantém os traços da antiga balaustrada, que teria sido construída como proteção contra as enchentes do Rio Jiquiriçá e demolida para a construção de estabelecimentos comerciais.

 

7-            DEZESSEIS PREFEITOS e UMA PREFEITA:

Em 12 de Outubro de 1926 declarou-se a emancipação política de Mutuípe com a posse de seu primeiro intendente o Dr. Bartolomeu Antero Chaves, nestes 91 anos, o município foi administrado por dezesseis homens, sendo Luis Carlos Cardoso da Silva, o que mais permaneceu no poder, com três mandatos, este também foi o tempo de atuação de Clélia Chaves Rebouças, até hoje a única mulher a assumir o governo do município.

 

CONFIRA A LISTA:

1926 – BARTOLOMEU ANTERO CHAVES

1932 – BERNARDO LEAL SAMPAIO

1936 – FRANCISCO XAVIER DA COSTA

1942 – RODOLFO GIL REBOUÇAS

1946 – ANIBAL VASCONCELOS

1947 – MOISÉS ANDRADE SOUSA

1951 – JULIVAL PIRES REBOUÇAS

1955 – MÁRIO DE MATOS ROCHA

1959 – OTÁVIO FRANCISCO SOUSA

1963 – MÁRIO DE MATOS ROCHA

1967 – MOISÉS ANDRADE SOUSA

1971 – ALBERTO FERREIRA MOTA

1973 – CLÉLIA CHAVES REBOUÇAS

1977 – PEDRO ALVES DA SILVA

1983 – CLÉLIA CHAVES REBOUÇAS

1989 – GILBERTO DOS SANTOS ROCHA

1993 – CLÉLIA CHAVES REBOUÇAS

1997 – GILBERTO DOS SANTOS ROCHA

2001 – LUÍS CARLOS CARDOSO DA SILVA

2005 – LUÍS CARLOS CARDOSO DA SILVA

2008 – ANTONIO FELIPE EVANGELISTA NETO

2012 – CELSO WEBER

2013 – LUÍS CARLOS CARDOSO DA SILVA

2017-   RODRIGO MAICON DE SANTANA ANDRADE

 

 

Fonte: Livro – Mutuípe, Pioneiros e descendentes – Helena Rebouças, 1992./

 

Redação : Fernanda Café/Vale Mais Noticias

 

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