Evento da Bahia Partners discute impacto da política no mercado financeiro do Brasil

A delação da JBS provocou um momento de dúvidas no Brasil quanto à possibilidade de crescimento econômico e chegou a criar a sensação de que o mercado estaria prestes a cair. Mas para o estrategista-chefe do banco BTG Pactual, João Scandiuzzi, onde se pensava haver um precipício, existia na verdade terra firme, sustentada especialmente pela inflação baixa e pelo mercado estrangeiro em ascensão. Durante palestra realizada em Salvador nesta sexta-feira (4) e organizada pela Bahia Partners, Scandiuzzi comentou sobre o impacto da política no mercado financeiro e avaliou que a recente turbulência no Palácio do Planalto não passou de um susto para a economia. “Por um lado, há um mundo que tem um apetite de investidores estrangeiros por artigos de emergentes. Por outro, o Brasil não está precisando de recurso externo, a gente tem um nível de reserva adequado e uma inflação baixa. Tudo isso ajudou a gente a estabilizar naquele momento de mais incerteza”, comentou. Apesar retomar rapidamente a estabilidade, a denúncia do empresário Joesley Batista não deixou de amedrontar investidores. Na opinião de André Luzbel, sócio da Bahia Partners, muitas pessoas ficaram em pânico diante da situação e logo pensaram em resgatar seu dinheiro. Nosso trabalho foi mais de tranquilizar os investidores. A história do Brasil mostra que esse tipo de acontecimento acontece com certa frequência”, disse Luzbel em entrevista ao Bahia Notícias.

Scandiuzzi ressaltou a importância da aprovação das reformas propostas pelo governo federal para a retomada da economia no Brasil. “Muitas delas estão endereçadas para uma questão de justiça social, de reduzir privilégios, como também reequilibrar contas fiscais”, apontou, citando as atuais dificuldades financeiras do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro como exemplos de estados que deixaram a situação fiscal sem controle e sofreram consequências negativas. Para o futuro próximo, Scandiuzzi prevê um crescimento econômico lento, mas consistente. “Acabou a recessão e já estamos dando sinais de estabilização. O fato de que a gente vê uma queda brutal da inflação desde o ano passado significa um ganho real de renda e o poder de compra também aumenta”, comentou o representante do BTG Pactual. “Está tudo conspirando para ela [economia] aumentar”. Por outro lado, Luzbel pondera que novos momentos de instabilidade podem surgir a qualquer momento e que o crescimento momentâneo do Brasil pode ser na verdade um “voo de galinha”. “O Brasil tende a melhorar no curto prazo, o mercado financeiro já mostrou esse otimismo, mas acho que isso pode piorar depois da eleição ou até durante a eleição”, analisou.

BN

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