Apesar das avaliações positivas, a proximidade dos dois anos de gestão deve ser um convite para uma reavaliação dos passos alcançados e as perspectivas de futuro.
Pelo menos esse seria o cenário apontado no seio do Poder Municipal, onde os resultados das urnas também acenderam o sinal de alerta quanto às possíveis mudanças.
Dessa forma, intensificou, nos últimos dias, a informação de que o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), formula uma grande reforma administrativa na prefeitura. Técnicos foram convocados a apresentarem um plano para o prefeito, que deve avaliar e em seguida enviar a peça para a apreciação da Câmara de Vereadores.
A questão ainda não é abertamente falada, mas, nos corredores do Palácio Thomé de Souza, consolida-se cada vez mais a noção de que as mudanças serão amplas, envolvendo redução e desmembramento de secretarias.
Os burburinhos são de uma reforma que compacte e projete a administração, estando em jogo as perspectivas para 2016, ano em que o prefeito deve se apresentar para a reeleição nas urnas.
Sem êxito nas eleições estaduais e presidenciais, Neto quer buscar saídas para conquistar recursos que possam viabilizar os projetos. A aposta é intensificar o ritmo de trabalho para que os serviços sejam bem avaliados.
Consta que a reforma deve acontecer entre final de janeiro e fevereiro, mas, a questão já movimenta os bastidores e serve de embalo para as conversações, até mesmo políticas, por envolver a participação de partidos na administração. Consta que a centralização de alguns cargos em poder do DEM pode ser revista.
Essa seria umas das reclamações dos partidos aliados. Devem ser mais trabalhadas as relações com o PMDB, que, apesar de ter quadros nos comandos de importantes secretarias, como a de Infraestrutura e a de Urbanismo e Transporte (Semut), não desfrutaria de total autonomia administrativa.
Apesar da parceria, com tendência de apoio em 2016, conforme destacou o deputado federal Lúcio Vieira Lima esta semana, volta e meia surgem ruídos de insatisfações. A questão seria amenizada pelas conversas de que o ninho peemedebista pode ser um das alternativas do prefeito, que reavalia os caminhos do DEM. Sobre a Semut, há informações de que a secretaria será desmembrada e algumas funções seriam relocadas.
Inclui-se ainda as reivindicações de legendas como o PTN, que seria uma das forças da base governista. Mas, após a saída do deputado estadual João Carlos Bacelar da pasta de Educação, substituído pelo secretário Jorge Khoury, o PTN teria perdido maior influência dentro da pasta. Há rumores de que a legenda reivindica mais poder de mando, como forma de garantir a permanência na base.
Estaria entrelaçado o destino do partido em âmbito estadual. Há quem diga que o PTN está dividido entre continuar na aliança com Neto e por consequência na oposição a Rui Costa (PT). Um dos deputados estaduais eleitos pelo partido, Alex Lima estaria construindo uma ponte para o governo Rui. Mas, tudo depende da forma de entendimento com o prefeito.
Além disso, alguns nomes estariam mais cotados para dirigir outros órgãos. Entre aqueles que podem ascender e que ficaria em um lugar mais próximo ao prefeito está o atual secretário municipal de Turismo, Guilherme Belintani, que está à frente de alguns projetos importantes, como a reforma da Orla, sendo um dos responsáveis por acelerar obras e atividades que dão ênfase ao perfil da gestão.
Não se sabe ainda qual o posto que ele ocuparia, mas seria um lugar de peso, dando a tônica na administração que o prefeito desejaria ampliar. Guilherme Belintani ajudou na formulação do programa voltado ao Nordeste na campanha para presidente de Aécio Neves (PSDB).
Interlocutores admitem a reforma administrativa, mas dizem que o prefeito ACM Neto (DEM) ainda não tratou da questão. O secretário de Comunicação do município, Roberto Messias (Porquinho), disse que há expectativas, contudo resumiu que o assunto não passa de especulação, no momento. “As mudanças podem acontecer entre janeiro e fevereiro, mas ainda não existe nada de concreto”, afirmou.
Há rumores de que a mensagem com alterações na estrutura orgânica já estaria adiantada, mas, na Câmara de Vereadores, a conversa é que o assunto ainda é “embrionário”. “Existe uma possibilidade de reforma, mas até agora não chegou nada”, disse o líder da bancada do governo, Joceval Rodrigues (PPS).
O secretário da Casa Civil, Luiz Carreira, confirmou à Tribuna essa semana que a discussão já foi iniciada e sinalizou alguns caminhos. Segundo ele, a gestão já “identificou que há uma forte concentração em áreas de obras públicas, que precisa ser olhada com atenção”. O titular também citou a necessidade de melhoria na infraestrutura e outros desdobramentos.
“O olhar é fortalecer a manutenção da cidade, com mais presença em todos os bairros, inclusive já existem as prefeituras bairro que já identificam isso e fazem algumas execuções, como o tapa-buraco local. Tem uma série de ações que podem ser incrementadas que eu acho fundamental e estratégico para a prefeitura”, disse.
